Neurologista do Sono: Salve Seu Cérebro da "Ferrugem" Noturna

Neurologista do Sono: Salve Seu Cérebro da “Ferrugem” Noturna

Por danilloleite   •   05 de dezembro de 2025


Você já parou para pensar que passamos um terço de nossas vidas deitados? Se você tem 43 anos, como muitos de nós aqui no Grande ABC, você já passou cerca de 14 anos dormindo. Ou deveria ter passado. A realidade é que a “máquina” humana precisa desse desligamento para fazer a manutenção, mas a vida moderna — trânsito, telas, preocupações financeiras e saúde — está roubando isso de nós.

Muitas pessoas acham que roncar é “charme” ou que dormir 4 horas por noite é sinal de produtividade. Como jornalista que vive em Santo André desde a infância, vejo essa correria diariamente. Mas a ciência é clara: ignorar o sono é abrir a porta para doenças graves. É aqui que entra o Neurologista especialista em Medicina do Sono.

Não estamos falando apenas de descansar o corpo. Estamos falando de limpar as toxinas do cérebro. Se você sente que sua memória está falhando ou que o estresse está incontrolável, este artigo é para você.

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O Guardião do Sistema Nervoso: O que faz um Neurologista?

O Neurologista é o médico clínico especializado no diagnóstico e tratamento de doenças que afetam o sistema nervoso (cérebro, medula espinhal, nervos e músculos). Quando esse especialista se aprofunda na Medicina do Sono, ele se torna um detetive dos mecanismos noturnos que regem nossa saúde.

Diferente de um pneumologista (que foca muito na parte respiratória da apneia) ou de um psiquiatra (focado nos aspectos comportamentais e químicos da mente), o Neurologista olha para a arquitetura do sono. Ele investiga se o seu cérebro está conseguindo entrar nas fases profundas (Sono N3) e no sono REM, onde ocorrem a consolidação da memória e a regulação emocional.

Por que procurar um neurologista e não um clínico geral?

Um clínico geral pode prescrever um indutor de sono, mas isso é um “band-aid”. O Neurologista busca a causa. Ele avalia se a sua insônia é primária ou se é um sintoma inicial de algo mais complexo, como a Doença de Parkinson — sabidamente ligada a distúrbios na fase REM do sono anos antes dos tremores aparecerem.

Nota do Autor: Morando aqui no ABC, sabemos que o acesso a especialistas pode ser demorado no sistema público, mas existem excelentes clínicas especializadas em Santo André e São Bernardo que são referência nacional. Não negligencie a busca por um especialista.

Os Inimigos do Descanso: O Que o Neurologista Trata?

A lista de distúrbios é vasta, mas vamos focar nos que mais atingem a população economicamente ativa da nossa região.

1. Insônia Crônica

Não é apenas “demorar para dormir”. É acordar no meio da noite e não conseguir voltar, ou acordar muito antes do despertador. A insônia crônica aumenta o risco de hipertensão e depressão. O Neurologista avalia se o problema é neuroquímico ou comportamental.

2. Apneia Obstrutiva do Sono

Muito comum em homens acima dos 40 anos. O relaxamento excessivo da garganta bloqueia o ar. O cérebro, em pânico pela falta de oxigênio, emite microdespertares. Você não lembra, mas seu sono foi fragmentado centenas de vezes. O resultado? Sonolência diurna excessiva e risco altíssimo de infarto e AVC.

3. Síndrome das Pernas Inquietas (SPI)

Uma agonia nas pernas que só melhora com o movimento, piorando à noite. Isso impede o início do sono profundo. É uma desordem neurológica ligada, muitas vezes, à deficiência de ferro no cérebro ou problemas na dopamina.

4. Narcolepsia e Hipersonia

Sentir um sono incontrolável durante o dia, a ponto de adormecer dirigindo ou trabalhando, não é preguiça. Pode ser uma falha nos neurotransmissores que regulam a vigília.

5. Parassonias

Andar, falar ou agir violentamente durante o sonho. Isso é sério e pode indicar neurodegeneração.

Getty Images

 

A Ferramenta Principal: Polissonografia

Para entender o que acontece quando você apaga, o Neurologista geralmente solicita uma Polissonografia. É o “padrão-ouro” do diagnóstico.

Você dorme em uma clínica (ou em casa, em versões simplificadas) conectado a sensores que monitoram:

  • Ondas cerebrais (Eletroencefalograma);

  • Movimento dos olhos;

  • Tônus muscular;

  • Batimentos cardíacos;

  • Respiração e oxigenação do sangue.

Como isso me afeta?

Imagine descobrir que seu coração para de bater por alguns segundos 30 vezes por hora? Esse exame revela isso. Em Santo André, diversos laboratórios realizam este exame, que é coberto pela maioria dos convênios.

Tabela Comparativa: Insônia x Apneia

CaracterísticaInsôniaApneia do Sono
Sintoma PrincipalDificuldade em iniciar ou manter o sonoRonco alto e paradas respiratórias
Sensação ao AcordarCansaço, irritabilidadeBoca seca, dor de cabeça, sono não reparador
Risco PrincipalProblemas psiquiátricos, fadigaAVC, Infarto, Hipertensão
Tratamento ComumTerapia (TCC-I), Higiene do Sono, MedicaçãoCPAP, Aparelho intraoral, Perda de peso

O Tratamento: Muito Além dos “Remédios Tarja Preta”

Existe um mito de que ir ao Neurologista significa sair dopado de remédios. Pelo contrário. O bom profissional de Medicina do Sono tenta retirar as medicações que causam dependência (como os benzodiazepínicos) e introduzir tratamentos mais assertivos.

A Higiene do Sono

É a base de tudo. Envolve regularidade nos horários (dormir e acordar na mesma hora, inclusive fins de semana), evitar telas azuis (celulares, tablets) duas horas antes de deitar e criar um ambiente escuro e frio.

Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-i)

Considerada hoje mais eficaz que remédios a longo prazo para insônia. Ensina o cérebro a associar a cama apenas ao sono e sexo, quebrando o ciclo de ansiedade noturna.

CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas)

Para quem tem Apneia do Sono, o CPAP é um divisor de águas. É uma máscara que envia fluxo de ar, mantendo a garganta aberta. Pacientes relatam que “renasceram” após a primeira noite de uso correto.

Suplementação e Ajuste Neuroquímico

O uso de melatonina, magnésio e outras substâncias pode ser indicado, mas sempre com supervisão. O Neurologistasabe a dose exata para não desregular sua produção natural.

O Impacto da Vida Urbana no Sono (Contexto ABC)

Nós, moradores do Grande ABC, vivemos em um polo industrial e de serviços vibrante. Mas isso tem um custo. A poluição sonora (trens, trânsito, vizinhos) e a poluição luminosa de uma metrópole conurbada com São Paulo afetam diretamente a produção de melatonina.

Além disso, o estresse do deslocamento — quem pega a Avenida dos Estados ou a Anchieta sabe do que estou falando — eleva o cortisol (hormônio do estresse) no final do dia, justamente quando ele deveria cair.

O Neurologista leva esse contexto ambiental em consideração. Não adianta prescrever medicação se o seu quarto parece uma boate de tanta luz da rua entrando pela janela.

A Conexão com Doenças Degenerativas: Um Alerta Importante

Estudos recentes mostram que durante o sono profundo, o sistema glinfático “lava” o cérebro, removendo proteínas tóxicas como a beta-amiloide (ligada ao Alzheimer) e a alfa-sinucleína (ligada ao Parkinson).

Quem dorme mal cronicamente acumula esse “lixo” cerebral. Portanto, tratar o sono aos 40 ou 50 anos é a melhor prevenção que existe contra a demência aos 70 ou 80. É um investimento na sua “eu” do futuro.

Perguntas Frequentes (FAQ)

1. Preciso de encaminhamento para ir a um neurologista do sono?

Geralmente não, se for consulta particular. Em convênios, pode ser necessário passar por um clínico geral antes.

2. O exame de polissonografia dói?

Absolutamente não. É indolor e não invasivo. O desconforto é apenas dormir com os fios e sensores.

3. Roncar é normal?

Não. Ronco é sinal de obstrução da passagem de ar. Ronco alto e frequente deve ser investigado por um médico.

4. Remédios naturais funcionam?

Chás de camomila e valeriana podem ajudar no relaxamento leve, mas não tratam distúrbios neurológicos ou respiratórios graves.

5. Quanto tempo dura o tratamento?

Depende do diagnóstico. A apneia, por exemplo, é uma condição crônica que exige tratamento contínuo (uso do CPAP) e mudanças de estilo de vida.


Conclusão

Não normalize o cansaço. Se você mora em Santo André, São Bernardo ou qualquer cidade do Grande ABC, saiba que a qualidade do seu sono dita a qualidade da sua vigília. Procurar um Neurologista especialista não é luxo, é manutenção básica para quem quer viver muito e com lucidez. Cuide do seu sono como você cuida da sua carreira ou da sua família. Seu cérebro agradecerá.

Tags: Neurologista, Medicina do Sono, Distúrbios do Sono, Polissonografia, Santo André, Grande ABC, insônia, apneia do sono, qualidade de vida, higiene do sono, tratamento neurológico.


Referências Bibliográficas:

  1. Associação Brasileira do Sono (ABS). “O que são distúrbios do sono”. Disponível em: https://absono.com.br/

  2. Sleep Foundation. “Neurologists and Sleep Medicine”. Disponível em: https://www.sleepfoundation.org/

  3. Academia Brasileira de Neurologia. “Sono e Saúde”. Disponível em: https://www.abn.org.br/

  4. Mayo Clinic. “Sleep Apnea Symptoms & Causes”. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/